Ao que tudo indica, a tática do estudante deu certo, e muito! Ficou curioso para saber como o Raphael consegue mandar tão bem na redação? Confira algumas de suas dicas e prepare-se:
O passo a passo da preparação |
Treine muito. Faça uma redação por semana, no mínimo (se possível, mais). Vá às aulas e monitorias da sua escola ou cursinho e leve para correção os textos que fizer. Se não tiver professores por perto, peça para algum amigo ou parente ler o seu texto de forma crítica |
Estude teorias novas, faça conexões entre disciplinas e treine a intertextualidade nas redações. Cite autores e leituras que fez. Deixe o corretor perceber que você tem conhecimento |
Tenha noção geral de atualidades. Esteja preparado para qualquer tema que apareça na prova e saiba articulá-lo com o que aprendeu durante o ano |
A estratégia para o texto
“Gosto de usar a técnica do ‘texto circuito’. Começo pelo título, usando uma frase curta que estimule a vontade de ler. Depois, vou interligando o texto: após a introdução, puxo para o desenvolvimento. E conecto a conclusão com a introdução, formando um circuito.”
- Introdução: “Sempre começo fazendo algum paralelo do tema com história, com um acontecimento que tenha a ver com o assunto. Assim, eu já insiro o diferencial de cara do texto, indo além da coletânea.”
- Desenvolvimento: “Nos argumentos, coloco bastante teoria e intertextualidade. Aqui entram as partes de filosofia e sociologia. Ao longo das aulas, durante o ano, fui fazendo uma lista de frases legais que eu poderia usar nos contextos de redação, e carregava comigo para ir decorando. Também é uma boa ideia porque pode deixar o texto com mais impacto para o leitor.”
- Conclusão: “Essa é a parte em que precisa ter mais cuidado, tem que elaborar bem. Na conclusão, sempre retomo a ideia inicial, que completa o circuito. Para fazer a proposta de intervenção, obrigatória, é muito importante especificar bem quem vai fazer o quê: a qual ministério, o governo, deve se aliar, em que deve investir etc. E é bom evitar os clichês, para não ficar muito batido.”
A redação vencedora
Leia abaixo o texto de Raphael que recebeu nota 1000 no Enem 2015, sob o tema "A persistência da violência contra a mulher no Brasil".
Equilíbrio Aristotélico
Ao longo do processo de formação do Estado brasileiro, do século XVI ao XXI, o pensamento machista consolidou-se e permaneceu forte. A mulher era vista, de maneira mais intensa na transição entre a Idade Moderna e a Contemporânea, como inferior ao homem, tendo seu direito ao voto conquistado apenas na década de 1930, com a chegada da Era Vargas. Com isso, surge a problemática da violência de gênero dessa lógica excludente que persiste intrinsecamente ligada à realidade do país, seja pela insuficiência de leis, seja pela lenta mudança de mentalidade social.
É indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. De acordo com Aristóteles, a política deve ser utilizada de modo que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. De maneira análoga, é possível perceber que, no Brasil, a agressão contra a mulher rompe essa harmonia, haja vista que, embora a Lei Maria da Penha tenha sido um grande progresso em relação à proteção feminina, há brechas que permitem a ocorrência dos crimes, como as muitas vítimas que deixam de efetivar a denúncia por serem intimidadas. Desse modo, evidencia-se a importância do reforço da prática da regulamentação como forma de combate à problemática.
Outrossim, destaca-se o machismo como impulsionador da violência contra a mulher. Segundo Durkheim, o fato social é uma maneira coletiva de agir e de pensar, dotada de exterioridade, generalidade e coercitividade. Seguindo essa linha de pensamento, observa-se que o preconceito de gênero pode ser encaixado na teoria do sociólogo, uma vez que, se uma criança vive em uma família com esse comportamento, tende a adotá-lo também por conta da vivência em grupo. Assim, o fortalecimento do pensamento da exclusão feminina, transmitido de geração a geração, funciona como forte base dessa forma de agressão, agravando o problema no Brasil.
Entende-se, portanto, que a continuidade da violência contra a mulher na contemporaneidade é fruto da ainda fraca eficácia das leis e da permanência do machismo como intenso fato social. A fim de atenuar o problema, o Governo Federal deve elaborar um plano de implementação de novas delegacias especializadas nessa forma de agressão, aliado à esfera estadual e municipal do poder, principalmente nas áreas que mais necessitem, além de aplicar campanhas de abrangência nacional junto às emissoras abertas de televisão como forma de estímulo à denúncia desses crimes. Dessa forma, com base no equilíbrio proposto por Aristóteles, esse fato social será gradativamente minimizado no país.